Em Epitácio, reserva florestal é cortada pela vicinal Prefeito Élio Gomes.
Espécies em extinção, como jaguatirica, são atropeladas no local.
Vinícius Pacheco – Do G1 Presidente Prudente


De acordo com levantamento da organização não governamental (ONG) Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar ‘Apoena’, morrem dois animais silvestres atropelados por mês na estrada vicinal Prefeito Élio Gomes, em Presidente Epitácio, que corta a Reserva Florestal do Córrego do Veado.
Ainda de acordo com a Apoena, já foram registradas mortes de cervo-do-pantanal, criticamente ameaçado no Estado de São Paulo, cachorro-do-mato, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, macaco-bugio, mão-pelada (guaxinim), tatu, lebrão, jibóia e jaguatirica. “A tendência é de que estes números cresçam, já que as boas condições da pista fizeram com que os condutores dirigissem em velocidades mais altas”, declara Weffort.
O ambientalista informa que existe um conjunto de fatores que colaboram para que este número se torne cada vez maior. São eles: o maior número de animais que o local passou a abrigar, pelo desenvolvimento do trabalho de reflorestamento; o aumento da frota de carros que passa pela vicinal; e a falta de sinalização adequada e de fiscalização.
Weffort também explica que este reflorestamento, que ainda está em fase de aplicação nos 915 hectares da reserva, é prejudicado. “Esta fauna ajuda na dispersão de sementes pelo solo, ação fundamental nesta fase. Sem contar o impacto negativo na reprodução das espécies”, relata.
Além de melhor sinalização, uma das sugestões do ambientalista é a instalação de radares eletrônicos, o que deve provocar uma diminuição da velocidade por parte dos motoristas e, consequentemente, a redução no número de atropelamentos.
A Reserva Florestal do Córrego do Veado existe desde 1999, e surgiu após a instalação da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Mota, em Primavera, distrito de Rosana. As terras foram concedidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e, desde então, a Apoena realiza o trabalho de conservação do espaço. A área é remanescente da Floresta da Lagoa São Paulo.
A via interliga Presidente Epitácio ao distrito de Campinal e foi recapeada no ano de 2013, o que pode ter colaborado com a imprudência dos motoristas, segundo Weffort. A responsabilidade por ela é da Prefeitura Municipal, que informou ao G1 que conhece a situação no local e já pensa em diretrizes que deverão ser estabelecidas durante reuniões do projeto Cidade Verde e aplicadas posteriormente.