
Bugios, que estão ameaçados de extinção, são os mais afetados.
Pesquisadores estudam o surto da doença nos animais, em laboratório.
O surto de febre amarela já provocou a morte de 1.100 macacos em todo o Espírito Santo, segundo pesquisadores. Os bugios, que estão ameaçados de extinção, são os mais afetados. Estudiosos acreditam que serão necessários 30 anos para recuperar a população desse animal. O registro dos primeiros macacos mortos aconteceu no início de janeiro.
Agricultores e moradores das regiões próximas às áreas de Mata Atlântica contam que sempre viram os macacos bugios, mas agora eles sumiram. Na mata, os pesquisadores marcam o local exato onde os macacos são encontrados mortos. Assim, eles podem fazer um mapeamento e acompanhar para onde o surto de febre amarela está se espalhando.
O trabalho que começa na mata termina em laboratório. Os pesquisadores fazem exames das características físicas do animal, como tamanho, peso e pelo. O que eles já podem afirmar é que antes da febre amarela, os macacos do Espírito Santo eram saudáveis.

(Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
“O vírus da febre amarela veio da África. Os macacos brasileiros não co-evoluíram com esses vírus, então não são adaptados a eles. os macacos são muito sensíveis e morrem poucos dias de contaminados. Chega a morrer 80% dos indivíduos de uma população contaminada”, disse o professor de zoologia Sérgio Lucena, que estuda os bugios há mais de 30 anos.
No laboratório da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os pesquisadores também analisam o DNA dos macacos que morreram com febre amarela. “Com essa caracterização genética das populações a gente pode entender como essa doença poderia se disseminar no futuro. A gente consegue entender a conexão entre as diferentes populações, se estão tendo reduções muito grandes das populações”, explicou o professor Yuri Leite.
O professor Sérgio Lucena acredita que a febre amarela também vai provocar mortes de macacos nas matas do Rio de Janeiro. Para ele, a situação é de desastre ecológico.
“Os primatas interagem com diversos outros animais e plantas, comem e dispersam sementes, ajudam a renovar as florestas, então a ausência de macacos causa um impacto muito grande nas florestas”, concluiu o professor Sérgio.
Febre amarela em humanos
Até terça-feira (14), a Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) recebeu 295 notificações de suspeita de febre amarela. Cinquenta e três notificações foram descartadas. Do total de 242 casos, 92 foram confirmados para febre amarela silvestre.
Vinte e um casos evoluíram para óbito. Confira os municípios onde as vítimas moravam:
– Muniz Freire – 3 casos;
– Colatina – 3 casos;
– Ibatiba – 2 casos;
– Irupi – 2 casos
– Itarana – 2 casos;
– Brejetuba – 3 casos;
– Laranja da Terra, Pancas, São Roque do Canaã, Afonso Cláudio, Conceição do Castelo e Aracruz – 1 caso cada um.
Com isso, há 150 casos em investigação com quadro indicativo também de leptospirose, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas semelhantes.