Além de armadilhas fotográficas, equipe usa a observação para fazer o registro dos animais, como tamanduá-bandeira e anta, que não eram habitantes conhecidos da unidade de conservação
Agência Minas

Sete funcionários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari, que possui quase 61 mil hectares de área preservada na cidade de Chapada Gaúcha, trabalham atualmente como olheiros da fauna local e, somados às armadilhas fotográficas instaladas no local, permitiram a elaboração da primeira lista de fauna da região.
O monitoramento da fauna é realizado pela organização não governamental Instituto Biotrópicos em parceria com a Rede de Pesquisas para o Uso Sustentável e Conservação do Cerrado (ComCerrado) e com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), que administra a reserva. Além de Veredas do Acari, outras três unidades de conservação estaduais participam do projet as Áreas de Proteção Ambiental Pandeiros e Cochá e Gibão e do rio Pandeiros e o Refúgio de Vida Silvestre do Pandeiros.
O gerente da reserva do Acari, Cícero de Sá Barros, é um dos incentivadores do projeto de inclusão dos guarda-parques na observação dos espécimes. “Como o Biotrópicos já havia iniciado a implantação das máquinas, identificamos aqueles funcionários que tinham interesse, os treinamos e logo os outros começaram a participar”, explica. A atividade usou sete câmeras, sendo seis analógicas e uma digital.
Os próprios guardas-parques indicaram e instalaram as máquinas nos locais mais adequados para a captura de imagens necessárias para produzir a primeira lista oficial de fauna da unidade de conservação. “O Instituto Biotrópicos trabalha há anos no norte de Minas, estudando principalmente mamíferos e anfíbios e unimos esforços para capacitar os guardas-parques das unidades de conservação e elaborar as listas de espécies”, explica Barros.
Espécies
O trabalho no norte do estado para identificar a fauna local já registrou duas raridades: a presença do lobo guará de cor preta, variação da espécie nova para a ciência, e o cachorro-vinagre, espécie ameaçada de extinção.
Já o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é um animal pouco conhecido e raro, apesar de ser encontrado em quase todo o território brasileiro, da Mata Atlântica até a Amazônia. Um exemplar da espécie foi registrado em vídeo no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, também no norte de Minas. Esse animal é classificado como vulnerável no país e está criticamente ameaçado em nosso estado.
O cachorro-vinagre é um canídeo de corpo alongado e pernas curtas e lembra uma lontra, chegando a pesar 5 quilos e medir 70 centímetros de comprimento e 30 de altura. Ele é um bicho social, vive em bandos permanentes de até 10 animais, o que permite caçar presas com o mesmo tamanho que ele, como tatus e patos são seus principais alvos.
Confira 12 espécies que foram registradas na reserva do Acari:
Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous)
Raposa-do-campo (Pseudalopex vetulus)
Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus)
Jaguatirica (Leopardus pardalis)
Jaritataca (Conepatus semistriatus)
Suçuarana (Puma concolor)
Anta (Tapirus terrestris)
Caititu (Pecari tajacu)
Veado-catingueiro (Mazama gouazoubira)
Veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus)