Escavações para obra de duplicação da BR-116 revelou uma paleotoca.
Túnel subterrâneo abrigava tatu gigante que viveu há 10 mil anos.
Do G1 – RS

A descoberta foi feita por uma equipe do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em um local onde operários extraem argila para a duplicação da rodovia, entre Guaíba e Pelotas. Desconfiados com o enorme buraco que encontraram, chamaram os pesquisadores.
A paleontóloga Karen Adame Rodrigues, professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), explica que a forma de abertura do buraco e as marcas de ranhuras na escavação remetem à uma espécie de tatu gigante. A paleotoca tem cerca de nove metros de comprimento e, segundo os cientistas, foi cavada há aproximadamente 10 mil anos.
O tatu fazia parte da megafauna, mamíferos gigantes eram comuns naquela na pré-história. Agora, os pesquisadores vão procurar por vestígios que indiquem qual espécie habitava a toca. “Ou de marcas ou de restos de alimentação, até mesmo de restos de fezes fossilizadas. Isso tudo ajuda na identificação”, explica a bióloga Adriana Kloster.
De acordo com pesquisadores, o Rio Grande do Sul é um dos locais com maior número de registro de paleotocas em todo o mundo. Mais de 600 já foram identificadas e acredita-se que existem muitas outras ainda não descobertas. Essa em Pelotas, porém, foi a primeira registrada na Região Sul do estado, o que é motivo de alegria para os pesquisadores.
“É a forma que a gente tem de medir a rota desses grupos. A rota que eles faziam pela América do Sul. Então, a gente veio extrair todas as informações possíveis, fotos, material para geoquímica e remeter para estudos. Para nós isso é fantástico”, define Karen Rodrigues.
Segundo o Dnit, a paleotoca não interfere no andamento das obras de duplicação da BR-116, esperadas há anos pelos moradores da região. O órgão informou que na próxima semana serão coletadas novas informações para avaliar se o túnel será ou não destruído.
Veja o video: